sexta-feira, 30 de março de 2012

180°

Eu não entendo o que me deu de virar tudo assim 180°. Fui me esquivando de um monte de coisas chatas que eu não conseguia administrar, e com isso deixando pra trás também outro monte de coisas bacanas que eu poderia ter feito. Agora sinto as milhas e milhas que eu precisaria percorrer pra tentar retornar, e já não sei se tenho a mesma coragem de antes. O jeito é continuar. E nesse aspecto eu me conheço, vou pulando cercas, inventando mundos e histórias mil pra sobreviver. Sempre de olhos bem abertos, mas não vendo quase nada do que passa, entregue mais aos pensamentos e puxando lasquinhas de pele do canto das unhas.

Helena.

“Quando o coração é quente e bate do jeito que tem que bater, a pessoa não congela de jeito nenhum."

ASTRID LINDGREN em Píppi nos mares do Sul.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Meio da tarde.

É meio da tarde e seus olhos de gueixa vem rodopiar na pontinha do meu nariz. Ela tem a cor do entardecer, o brilho de Júpiter na lua nova, e cheira a Prada misto de flor e madeira. Quando a vejo assim, sinto meu coração bater na sexta-feira alegre de sábado, e um sorriso indisfarçável rasgar meus lábios. Ela brinca com os meus pensamentos, distrai um bocado da minha atenção; eu digo “Preciso fazer isto!” e ela meneia a cabeça e vai dançar longe de mim. Olho pra ela distante e só então volto a trabalhar, orgulhosa que sou dessa minha criança, da sua pele macia, pernasseios, colonuca e cabelos, ombro tatuado, Neruda de mim.

Helena.