quinta-feira, 24 de maio de 2012

Estranho.

Caminhei até o fim do corredor e o encontrei sentado na cama. Em seus braços, segurando sem amor nem cuidado, pedaços de um bebê morto em putrefação. Olhamo-nos nos olhos e senti como se o pegasse em flagrante delito. Seus olhos me tinham fúria e eu precisava fugir. Homem magro, doentio, asqueroso. Tudo era sujo, assustadoramente familiar e sujo, e talvez por familiar despertasse medo mais do que nojo, posto que era velho o sangue entranhado nestas imagens e não havia odor algum.

Desci as escadas em desespero e lá fora o dia era pálido e a rua vazia, e ele já me aguardava na calçada. Só o que me vinha na cabeça era o imperativo de ter que lutar por mim; eu precisava matar aquele pesadelo antes que ele me tomasse conta e eu já não pudesse mais saber como dizer não.

Existe sempre um “que” de volúpia na escuridão. Saquei uma faca não sei de onde e avancei em golpes no seu abdômen; acertei todos e, pra meu absurdo, nenhum o fez sangrar. Olhamo-nos nos olhos uma vez mais e ele sorriu vitorioso. Embora alquebrante, era de uma substância outra; tentei evitar.

Aí então acordei estranha... e tão forte! Revirei as paredes do quarto, depois mergulhei no pedaço de céu da janela e, não sei quando, voltei a dormir.

Helena.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Até de madrugada.

Sinto falta de andar sem tempo no pôr do Sol, com água de coco e muito mar nas vistas até de madrugada. Discutir explosões e depois dormir plugada.

Helena